Índice:
- Determinante externo: Situação
- Análise da situação
- Abordagem baseada na reação à situação:
- A cultura
- Dimensões culturais.
O estudo da personalidade deve ser feito levando-se em conta que a pessoa se desenvolve em situações, que por sua vez, estão imersas em uma determinada sociedade ou cultura. Importância do estudo da situação.
Já é bem conhecido na pesquisa da personalidade que o peso das variáveis pessoais na explicação do comportamento dependerá do grau de estruturação das situações: se as situações são altamente estruturadas, as possibilidades de variação individual são quase nulas; mas à medida que a situação se torna mais ambígua, manifestações comportamentais diferenciadas aparecem entre os indivíduos que a enfrentam.
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- Análise da situação
- Abordagem baseada na reação à situação:
- A cultura
Determinante externo: Situação
Os dados da pesquisa permitem concluir que o processo de interação deve ser estudado como uma unidade de análise, mas sem esquecer que as variáveis pessoais e situacionais integradas nesse processo devem ser conhecidas. Embora as variáveis pessoais tenham sido estudadas consideravelmente, este não é o caso das situacionais.
Magnusson aponta três motivos que justificam a análise da situação:
- O comportamento ocorre em situações, ele existe apenas na situação e não pode ser compreendido sem ele.
- A consideração da situação nas teorias contribuirá para modelos mais funcionais de explicação do comportamento.
- Um conhecimento mais sistemático das situações contribuirá para explicações mais eficazes em psicologia. Em qualquer caso, o estudo das situações da personalidade não é um objetivo em si, mas é motivado pela necessidade de uma teoria, investigação e aplicação de conhecimentos mais eficazes sobre a personalidade dos indivíduos.
Análise da situação
O mundo externo pode ser organizado em dois níveis de amplitude, macro e micro, dependendo de sua proximidade com o indivíduo. Por sua vez, haverá características físicas ou objetivas e características sociais, psicológicas ou subjetivas:
- O ambiente macrofísico: são as ruas, parques, edifícios, etc.
- O micro-ambiente físico: são os móveis e objetos da sala.
- O ambiente macrossocial: seriam as leis, normas ou valores comuns a uma sociedade ou cultura.
- O ambiente micro-social: seriam normas, atitudes, hábitos, etc. de grupos e pessoas com quem um indivíduo interage diretamente. É, pelo menos até certo ponto, único para cada indivíduo ou grupo.
Outra forma de caracterizar a análise do mundo externo é em termos da duração de sua influência. Endler define o ambiente (ambiente) como o contexto mais geral e persistente no qual o comportamento ocorre, enquanto a situação seria o quadro momentâneo e passageiro. Os estímulos seriam os elementos da situação.
Abordagens ao estudo da situação em psicologia. A situação pode ser analisada de três perspectivas diferentes:
- Perspectiva ecológica ou ambiental: analisa os ambientes em termos das características físicas sob as quais o comportamento ocorre, pressupondo que eles exercem mais influência sobre o comportamento do que as características da pessoa. Ou seja, eles se concentram no ambiente alvo, independentemente dos processos psicológicos que as pessoas sentem nele, a unidade básica de estudo sendo os cenários comportamentais (ambientes que ocorrem naturalmente, não tendo sido criados pelo experimentador) que possuem a seguintes propriedades.
- Eles incluem padrões de comportamento fixos estranhos ao indivíduo dentro de coordenadas espaço-temporais específicas.
- Eles consideram conjuntos de elementos do cenário de natureza não comportamental (física).
- Entende-se que existe uma interdependência entre as características físicas, temporais e geográficas do meio ambiente e os próprios padrões de comportamento.
Portanto, o estágio da conduta tem limites físicos. O ambiente psicológico é uma representação subjetiva da situação objetiva que a pessoa vive em um determinado momento. O ambiente ecológico tem uma existência mais duradoura e objetiva, independente dos processos psicológicos de uma pessoa específica.
O estudo de cenários de comportamento permite estudar programas comunitários, igrejas, escolas, aulas, etc. Essas são situações estruturadas de modo que o peso das variáveis pessoais na previsão do comportamento é mínimo.
Perspectiva comportamental: os ambientes são descritos em termos de sua estrutura (características físicas) e sua função estimulante (reforça, pune, etc.). As pessoas podem participar ativamente de sua relação com o meio ambiente, mas isso não significa que sejam agentes autônomos no controle de seus comportamentos.
Perspectivas sociais: estudam episódios sociais (sequências de interação que constituem unidades naturais de comportamento e que se distinguem por terem limites simbólicos, temporais e físicos). A atenção é dada à percepção e representação cognitiva das situações. Essas 3 perspectivas diferem em 3 aspectos:
- A ênfase dada às características pessoais.
- O peso dado ao objetivo vs. subjetivo da situação.
- Sua consideração de espaço e tempo.
Abordagens para o estudo da situação na psicologia da personalidade. A partir do qual o caráter subjetivo ou percebido da situação foi enfatizado, e que o estudo da situação não é um objetivo em si mesmo, mas uma necessidade para fazer melhores previsões de comportamento. As taxonomias de situação devem atender a 3 requisitos:
- Domínio: refletem situações em que o pesquisador faz a amostragem conforme sua conveniência (por exemplo: estressante, profissional, acadêmica).
- Unidades de análise: devem especificá-las para classificar as situações.
- Consideração da situação: especifique se visam classificar situações objetivas ou psicológicas.
Abordagem baseada na percepção da situação: As situações podem ser analisadas de acordo com a forma como são percebidas e interpretadas, ou seja, de acordo com seu valor estimulante. Em geral, duas estratégias principais têm sido usadas:
- Julgamentos de similaridade intersitacional: em que os sujeitos são solicitados a julgar a similaridade entre as situações apresentadas por meio de descrições verbais, analisando os dados com AF. Os resultados mostram uma alta concordância entre os observadores sobre a similaridade entre as situações.
- Análise de protótipo: na qual protótipos ou exemplos ideais de uma categoria são usados. Parte-se do pressuposto de que as situações possuem uma variedade de atributos que são percebidos e interpretados pelos indivíduos, de acordo com os esquemas cognitivos das situações, que o indivíduo possui em experiências anteriores. Assim, um indivíduo que se depara com uma situação compara seus atributos com os do protótipo cognitivo que já possui. Esta estratégia permite: Estabelecer uma taxonomia das categorias de situações comumente utilizadas (por exemplo, sociais, culturais, políticas, etc.) que, por sua vez, são ordenadas hierarquicamente (das mais inclusivas ou superiores às mais subordinadas).
Se pedirmos aos sujeitos para gerar protótipos, o protótipo consensual pode ser obtido (fazendo a média das características listadas pelos sujeitos). Esses protótipos sugerem que as pessoas compartilham conjuntos de crenças sobre as características de várias situações, ou os comportamentos esperados nelas. Podemos usar protótipos de consenso para testar hipóteses.
Cantor mediu a semelhança entre os protótipos, descobrindo que aqueles pertencentes à mesma categoria tinham mais elementos em comum do que aqueles de categorias diferentes. Portanto, parece que uma parte importante do conhecimento comum das situações seria de natureza psicológica (os protótipos fornecem ao indivíduo expectativas sobre os comportamentos mais prováveis ou socialmente apropriados nas situações).
Também mediu o tempo que os sujeitos levaram para formar a imagem, após a leitura do estímulo, e constatou que as situações são imaginadas mais rápido, depois as pessoas nas situações e, por fim, as pessoas. Portanto, parece que existem diferenças em termos de acessibilidade e riqueza dessas informações.
Além disso, ele estudou os atributos das situações. Os resultados mostram que a frequência dos eventos que descrevem a natureza física da situação, e das pessoas nela presentes, é maior nos protótipos de categorias específicas ou subordinadas; enquanto no mais abstrato prevalecem os aspectos psicológicos.
A partir dessa abordagem, é possível analisar quais comportamentos os sujeitos antecipam como mais prováveis em uma situação específica. Na verdade, quanto mais prototípica for uma situação, mais consenso haverá sobre os comportamentos que ocorrerão nela.
Abordagem baseada na reação à situação:
Rotter propôs classificar as situações com base na semelhança de comportamento que geram nas pessoas, sugerindo os seguintes procedimentos:
- Recorra ao julgamento de especialistas.
- Faça o julgamento de sujeitos da mesma cultura ou grupo daquele que está sendo avaliado.
- Analise a frequência de tipos específicos de comportamento em certas situações.
- Medir a expectativa de que certos reforços ou consequências ocorrerão nessas situações
- Determine a natureza (acadêmica, profissional, emocional, etc.) e o sinal de reforço (positivo ou negativo) que é mais provável de ocorrer na situação.
- Estude os gradientes de generalização das mudanças que ocorrem no comportamento, expectativas ou valores de reforço. O gradiente de generalização indica similaridade.
Além desses procedimentos, outros têm sido utilizados: Inventários ER: apresentam a descrição verbal de situações relacionadas a alguma variável que queremos mensurar (ansiedade, prazer), solicitando ao sujeito que relate o grau em que vivencia reações somáticas ou psíquicas. Um exemplo famoso é a técnica de dessensibilização sistemática de Wolpe, em que os pacientes constroem uma hierarquia de ansiedades subjetivas.
Na técnica de correspondência pessoa-situação, a situação é caracterizada como um padrão de comportamento de um tipo ideal de pessoa. O comportamento de uma pessoa em uma situação será função da semelhança entre as características da pessoa e o padrão ideal de comportamento do indivíduo correspondente a essa situação.
Bem propõe que uma pessoa seja analisada em termos de como ela responde a um conjunto de situações hipotéticas. A semelhança entre duas situações seria uma função do número de elementos principais que compartilham, do número de elementos únicos de um ou do outro e do grau em que suas características (compartilhadas e não compartilhadas) são distintas dentro do conjunto de situações comparadas.
Pervin pede a cada sujeito para:
- Faça uma lista de suas situações da vida real (lugar, pessoas, tempo e atividades de cada um).
- Descreva cada situação, para gerar uma lista de atributos.
- Descreva seus sentimentos neles, para fazer uma lista de sentimentos para cada situação.
- Descreva seu comportamento, gerando uma lista de comportamentos.
- Julgue, uma vez feitas as listas, o grau em que cada aspecto das três listas é aplicável a cada situação.
Desta forma, obtém informações sobre as situações reais do indivíduo e suas características. Outra taxonomia baseada no consenso das pessoas sobre a conceituação das situações é a de Van, que construiu listas de atributos para cada situação, entrevistando 160 sujeitos.
Eram 659 atributos pertencentes às categorias: contexto, ambiente físico ou localização, características objetivas do ambiente físico, pessoas, características objetivas das pessoas, atividades, equipamentos ou objetos e aspectos temporais. Assim, foram identificados 10 fatores situacionais (intimidade, lazer, conflito, etc.) que podem ser usados para prever o comportamento que pode ocorrer nas diferentes categorias. Abordagem baseada em preferências situacionais:
Analise que tipo de situações são escolhidas pelos sujeitos. As pessoas evitam certas situações e escolhem outras; eles podem modificar situações de acordo com suas características e podem criar situações que facilitam certos comportamentos. A escolha de um ou de outro é influenciada por características pessoais.
Outros aspectos como as pressões ambientais e culturais, ou a possibilidade real de acesso a elas, também intervêm nessas eleições. Abordagem baseada em traços de personalidade: uma maneira de construir uma taxonomia de traços de personalidade que sistematicamente capture informações situacionais seria pedir a um grande número de sujeitos para indicar situações ou comportamentos que são tipicamente associados a cada característica dos Cinco Fatores. com esse traço. Dessa forma, teríamos conhecimento das situações que melhor permitem a expressão de um determinado traço.
Ten Berge e De RaadEles construíram um repertório, a partir de descrições de sujeitos, sobre as situações em que uma determinada característica de personalidade foi manifestada. Eles obtiveram 237 situações que classificaram de acordo com o quanto cada participante poderia lidar com elas. A ideia era que as formas de se relacionar com as situações envolvem estilos de enfrentamento (tendências disposicionais ou pessoais). Nessa perspectiva, certos tipos de pessoas podem ter preferências por situações diferentes daquelas apresentadas por outras pessoas; certas situações permitiriam mais variação comportamental; e pessoas caracterizadas por um determinado traço podem ter uma preferência maior por aquelas situações que permitem a expressão desse traço. Os resultados mostram uma estrutura de 4 fatores:
- situações de prazer
- situações adversas para o indivíduo
- situações de conflito interpessoal
- situações de demanda social.
De modo geral, as pessoas com pontuação alta em um dos 5 fatores são melhores em lidar com as situações associadas a esse fator. Existem muitas situações em que pessoas extrovertidas, emocionalmente estáveis e abertas à experiência se comportam melhor do que pessoas introvertidas, instáveis e fechadas à experiência.
No entanto, Amabilidade e Resistência são fatores mais específicos da situação (são fatores de caráter; enquanto Extroversão, Estabilidade Emocional e Abertura são fatores de temperamento).
A cultura
A personalidade não se refere a conotações de dignidade ou prestígio, ou seja, é isenta de valores. No entanto, a psicologia da personalidade é impulsionada por certos valores sociais e culturais que podem afetar nossas interpretações de comportamento. Esses aspectos culturais são importantes porque, possivelmente, determinam muitos processos psicológicos e afetam a personalidade (o próprio conceito de si mesmo).
Conceito e implicações. Cultura inclui o que é transmitido de geração em geração em uma determinada sociedade: procedimentos, hábitos, normas, crenças e valores compartilhados que também afetam as informações consideradas importantes. Os indivíduos diferem na medida em que adotam e cumprem os valores e comportamentos do grupo cultural ao qual pertencem, e é até possível falar de diferentes subculturas dentro da mesma cultura.
O processo pelo qual uma cultura é transmitida é a aculturação. Como resultado desse processo, podemos interagir com pessoas de nossa própria cultura, pois compartilhamos a mesma linguagem verbal e não verbal.
As culturas diferem em aspectos fundamentais, como:
- Sua visão da natureza humana como essencialmente boa, positiva, má ou má, bem como em que grau a possibilidade de mudança pessoal é defendida.
- A relação do homem com a natureza. Nas sociedades industrializadas, a natureza está a serviço do homem; nas populações indígenas, o homem depende da natureza; nas sociedades orientais, a tranquilidade é alcançada estando em harmonia com a natureza.
- A maneira de entender o tempo. No Ocidente, o futuro prevalece, no sul da Europa, o presente, e no Oriente ou na Inglaterra, o passado e a tradição.
- O tipo de personalidade mais valorizado.
- As formas usuais de relacionamento entre os membros. Em sociedades individualistas, a satisfação pessoal é esperada nos relacionamentos com outras pessoas; nos coletivistas, valoriza-se a harmonia nas relações e a colaboração de cada pessoa para o bem-estar coletivo.
Além disso, as culturas são influenciadas por variáveis ecológicas. Por exemplo, relevos elevados reduzem a probabilidade de difusão cultural, tornando a cultura homogênea.
Dimensões culturais.
As culturas diferem em complexidade, cujos índices são: renda per capita, tamanho das cidades, porcentagem da população urbana versus rural, computadores por pessoa, etc. Nos complexos, há mais possibilidades de escolha e estilos de vida.
Eles também diferem na rigidez de suas regras. As sociedades isoladas tendem a ser herméticas (não são influenciadas pelas sociedades vizinhas), têm ideias claras sobre o comportamento adequado e aplicam sanções às pessoas que não seguem as regras. Em culturas relaxadas, o desvio é tolerado.
As culturas também diferem em seu caráter individualista ou coletivista. Quanto mais complexa é uma cultura, mais provável é que seja individualista; quanto mais rígidas são suas regras, maior a probabilidade de ser coletivista. Em sociedades individualistas, as pessoas são autônomas e independentes de seus grupos, priorizam seus objetivos e enfatizam a autonomia, o direito à privacidade, etc.
Nos coletivistas, a identidade coletiva, a dependência, a solidariedade de grupo, a partilha de deveres e a decisão de grupo são enfatizadas. Para definir uma cultura como individualista ou coletivista, leva-se em consideração o seguinte:
- Como o self é definido, o que pode enfatizar aspectos pessoais ou coletivos.
- Quais objetivos têm mais prioridade, pessoais ou de grupo.
- Que tipo de relações se fortalecem entre seus membros, sejam elas de troca ou de igualdade.
- Quais são os determinantes mais importantes do comportamento social, sejam eles atitudes ou normas.
Dentro do coletivismo e do individualismo existem muitas variedades. A dimensão mais analisada é a da horizontalidade-verticalidade das relações, dependendo se a igualdade ou a hierarquia são enfatizadas, respectivamente. Fala de 4 tipos de culturas:
- Individualista-horizontal: a independência prevalece. As pessoas querem ser únicas e diferentes dos grupos.
- Individualista-horizontal: a independência prevalece. As pessoas querem ser únicas e diferentes dos grupos.
- Individualista-vertical: as pessoas querem se diferenciar e também ser as melhores. Existe alta competitividade.
- Coletivista-horizontal: as pessoas cooperam com seu grupo, objetivos comuns são enfatizados, mas não se submetem facilmente à autoridade. Coletivista-vertical: as pessoas se submetem à autoridade do grupo e são capazes de se sacrificar pelo interesse do grupo. São culturas tradicionalistas.
Quando nos referimos à personalidade dessas culturas, falamos em 60% alocêntrico nas culturas coletivistas e 60% idiocêntrico nas individualistas. Os alocêntricos enfatizam a interdependência, a sociabilidade e a integridade familiar, e levam em consideração as necessidades e desejos dos membros de seu grupo. Os idiocêntricos enfatizam a exaltação própria, a competitividade, a singularidade da pessoa, o hedonismo e a distância emocional do grupo.
Este artigo é meramente informativo, em Psychology-Online não temos competência para fazer um diagnóstico ou recomendar um tratamento. Convidamos você a ir a um psicólogo para tratar de seu caso particular.
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